domingo, 24 de janeiro de 2010

Um rótulo para cada um dos BBBs

Notícia do Diário Catarinense:

Quem está a fim de um rótulo?

O que parecia apenas uma separação em grupos para a primeira prova do Big Brother Brasil 10 se tornou uma divisão em estereótipos que deve permanecer no BBB 10 até o final. Divididos em tribos, os participantes desta edição do reality show passaram a ser conhecidos também pela característica ressaltada pela produção do programa: sarado, se malhado; belo, se quase perfeito; cabeça, se inteligente; ligado, se extrovertido; e colorido, se gay.

A psicóloga clínica Márcia Tomasi vê essa divisão imposta pela produção do programa como um engessamento dos participantes dentro de rótulos, dos quais eles não vão conseguir se desvencilhar tão cedo. Ela lembra que, em anos anteriores, essa divisão ocorreu de forma natural, aos poucos, pela mão dos próprios confinados.

– A sensação que se tem diante de uma pessoa rotulada dessa maneira é a de que essa característica é a pessoa por inteiro. É a primeira coisa que nos salta aos olhos. E demora para que a gente enxergue outros aspectos da personalidade dela – pondera ela.

Márcia salienta que, apesar de ser ruim para os participantes do jogo, essa divisão simplifica a identificação dos telespectadores.

– Com uma característica bem definida e grupos bem demarcados é mais fácil para quem assiste ao programa se identificar com uma tribo ou uma pessoa – aponta Márcia.

Para o psiquiatra Marcelo Arantes, o Dr. Marcelo do BBB 8, a separação da turma em tribos faz parte da construção de uma trama, necessária para prender a audiência.

– Na construção de uma trama, são necessários alguns elementos (herói e vilão, principalmente) para que o público se identifique, discuta, participe das votações. Enfim, garanta a audiência mínima prometida aos patrocinadores. Esses arquétipos são definidos mais facilmente após a separação em grupos – diz Marcelo, que em 2009 lançou o livro A Antietiqueta dos Novos Famosos (Editora Frutos).

O ex-BBB acredita que a ideia dos grupos já estava sendo pensada pela produção do BBB antes mesmo dos participantes serem selecionados:

– A produção conhece bem os jogadores, e, provavelmente, essas tribos já existiam antes mesmo da seleção dos candidatos, ou seja, escolheram candidatos com características pré-determinadas para cada tribo.

Já Milena Fagundes, que esteve no BBB 9, vê essa divisão como uma tentativa de criar conflitos entre os diferentes grupos.

– No ano passado, nós fomos divididos em Lado A e Lado B, e essa divisão acabou se mantendo ao longo de todo o programa, porque nós, do Lado B, ficamos sozinhos durante uma semana, e isso nos uniu. Mas neste ano, a estratégia da divisão não está surtindo o mesmo efeito. Apesar de separadas em tribos, as pessoas estão se dando bem com pessoas de outros grupos, estão interagindo legal – diz a ex-BBB, que completa:

– O BBB é um programa que depende da audiência, do público, e a gente sabe que conflito dá audiência.

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