domingo, 16 de janeiro de 2011

'Big Bacanal Brasil', da Veja Online

>> Da Revista Veja Online:

Big Bacanal Brasil

O BBB11 começa com alto teor sexual e audiência melhor que a do anterior

Maria Carolina Maia

Em uma jogada pesada para conquistar audiência, o Big Brother Brasil, principal reality show da Globo, trancou em sua casa, no Rio de Janeiro, dezessete concorrentes com a libido nas alturas. Feitas as adaptações necessárias, a frase “Estou solteiro” foi proferida por boa parte dos jogadores nos vídeos de apresentação exibidos pela Globo na noite de abertura do BBB11. Se em versões anteriores os casais demoraram algumas semanas a se formar, no terceiro dia do BBB11 o músico Mauricio, do Rio, e a atriz Maria, de São Paulo, já estavam nos braços um do outro. A dupla Diogo e Michelly viria em seguida, em meio a joguinhos de sedução e brincadeiras do beijo. O baiano beijou inclusive Ariadna, a primeira transexual na história do reality, a quem romanticamente pediu o “selinho da Hebe”. No sábado, Talula e Rodrigo iniciariam o terceiro par. Ávidos por um lugar ao sol – de sunga e biquíni, obviamente – os participantes do Big Brother sempre foram. Mas, desta vez, a seleção parece ter privilegiado pessoas dispostas a usar seus corpos, em vez de apenas exibi-los. E parece que deu resultado. Os dias iniciais do programa tiveram audiência superior aos da última edição. Na estreia, o placar foi de 34 x 30 pontos no Ibope na Grande São Paulo. Na noite seguinte, de 33 x 32.

Editado, o programa que vai ao ar depois da novela das nove, na Globo, tem a carga sexual atenuada. Sua faixa indicativa é para 12 anos e o Ministério Público já avisou que está de olho nas imagens transmitidas. Mas o BBB já não vive apenas de TV aberta. O reality show transborda para a TV paga e a internet. No ano passado, foram vendidas mais de 240.000 assinaturas de pay-per-view, pacote que permite ver o programa 24h por dia. Na internet, o número de espectadores – entre os que amam e os que odeiam o programa, mas acompanham do mesmo jeito – atinge patamares ainda maiores. É lá que a desinibição dos brothers e sistersse manifesta em toda a sua potência. O dançarino de axé Diogo, por exemplo, já trocou de roupa sem nenhuma cerimônia na frente dos companheiros de quarto. Nessa toada, o programa pode se transformar num Big Bacanal Brasil.

Os participantes do BBB não são apenas espevitados. Quem não chegou na casa cheio de fogo aportou falando bobagem ou mostrando que pode surtar a qualquer momento. É o caso da gordinha Paula, que tende a levar as atitudes dos outros para o lado pessoal, e de Michelly, que teve uma crise de choro já no primeiro dia, quando, numa pegadinha de Pedro Bial, foi a mais votada para sair da casa, mas acabou sendo imunizada.

“Eles escolhem os perfis mais descompensados”, diz o psiquiatra Marcelo Arantes, que fez parte do BBB8. “Não pode ser um perfil patológico, porque é perigoso, mas, se for explosivo, com histórico de conflitos familiares ou uso de substâncias químicas, é perfeito.” Os candidatos à celebrização instantânea promovida pelo BBB passam por três psicólogos antes de entrar para o programa, e pela chamada cadeira elétrica, em que são entrevistados por até catorze pessoas. A vida de cada candidato é esmiuçada nos mínimos detalhes. Carências, recalques e maluquices patentes não servem, como se vê, de impendimento para entrar no programa.

O segredo de Ariadna – Outro artifício explorado nos primeiros dias desta edição, enquanto ninguém havia percebido diferenças em Ariadna, era o do mistério em torno da sua sexualidade. Segundo o diretor do reality, Boninho, foi a própria cabeleireira – que se chamava Tiago e mudou de sexo em cirurgia na Tailândia – quem decidiu guardar segredo sobre o seu gênero dentro da casa. Criou-se um recurso dramatúrgico curioso para o programa: os espectadores sabiam de tudo, mas os personagens da televisão, não. Daí Diogo, que vem se portando como heterossexual, ter pedido um beijo para a cabeleireira, depois de elogiar sua “beleza exótica”. O efeito folhetinesco certamente cativou a audiência. E bem poderia servir de lição ao noveleiro Silvo de Abreu. O segredo de Ariadna, ele tem de admitir, é melhor que o de Gerson, o atormentado personagem de Marcello Antony que, na recém-encerrada Passione, via sexo pela internet.

A cabeleireira transexual Ariadna fala de sexo o tempo todo: reclamou que está há dias sem transar, perguntou a dois colegas se teriam relação com ela e iniciou um jogo de passar papel boca a boca no confinamento

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