segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A Abusada da Cohab



A violência sexual infantil é algo absolutamente doloroso e incômodo em nossa sociedade, talvez por isso a maioria das pessoas evita o enfrentamento da questão.

Para quem estuda o assunto, existe o desafio em compreender o que leva a criança-vítima a se calar ou esconder a verdade dos fatos, chamada "Síndrome de segredo". Em geral é por culpa de ter interagido com o responsável ou o medo das consequências da revelação (desagregação da família, por exemplo). É comum que o abusador transfira para a criança todas estas responsabilidades, convencendo-a, por exemplo, de que se ele for para a cadeia ou sua mãe ficar magoada, a culpa será dela.

Participante eliminada do "BBB11" neste domingo, a dançarina que se auto-intilula promotora de eventos, Michelly, marcou sua passagem pelo confinamento por três eventos principais: pela chamada inicial em que dizia "Vou tentar me transformar em vítima sempre", pelo relacionamento com o confuso coreógrafo Diogo e, finalmemte, por ter revelado ao Brasil ter sido vítima de abuso sexual na infância.

Na Psicologia, alguns autores defendem que transtornos de personalidade no indivíduo adulto podem ser decorrentes deste tipo de abuso, dentre eles o Transtorno de Personalidade Histriônica. Talvez por isto conseguimos enxergar tantos traços histriônicos em Michelly: fica desconfortável se não é o centro das atenções (em festas, alcoolizada, isto é evidente), faz uso consistente de sua aparência física para chamar a atenção, tem comportamento sexual excessivamente sedutor e provocativo. Contou que se masturba com ursinhos, e nem mulheres, homens, nem a dupla sertaneja Bruno & Marrone ou o Dj André Marques escaparam de suas atitudes de sedução.

A histeria já era descrita no Egito antigo há 4 mil anos como distúrbios remetidos a uma causa uterina (vem daí o seu nome). Na antiguidade, o tratamento consistia em "fazer o útero retornar ao seu local de origem", e alguns introduziam na vagina da paciente um consolo com substâncias para que "retornasse". Já o tratamento preventivo consistia em casamento para as moças solteiras e o coito para as casadas.

O traço comum e reconhecido num indivíduo histérico é o "histrionismo", que significa teatralidade e representa o caráter exagerado como se estivesse simulando, e varia de acordo com as expectativas da plateia: mais ou menos eloquente. Os histriônicos encantam muito no início, porque são frequentemente animados, entusiasmados, demonstram franqueza e uma notável fragilidade, características estas que vão perdendo força à medida que continuam exigindo o papel de "dono da festa". São exímios sedutores, o que explica a atração-relâmpago seguida de autodestruição entre Michelly e Diogo, os participantes com mais traços histriônicos nesta edição do "BBB".

Associado ao transtorno histriônico, a Psiquiatria relaciona o transtorno factício, a mitomania, sendo comum a queixa de abuso sexual ou violência, na qual o mitômano se apresenta como vítima. As acusações podem ser inicialmente intencionais, conscientes, mas logo se transformam em convicção pelo próprio acusador. Ninguém ao certo saberá se Michelly mentiu sobre o abuso, se foi parte de sua estratégia inicial de vitimização ou se de fato o sofreu. Sua própria mãe admitiu desconhecer o problema, quando perguntada no início. Sabe-se que uma irmã de Michelly foi, sim, abusada sexualmente quando moravam num conjunto habitacional, mas o telespectador esperto pergunta se a ex-BBB não estaria adotando para si o drama da irmã com a finalidade de chamar a atenção. Verdade ou não, foi sua última cartada e não funcionou. Pior: expôs desnecessária e fatalmente a irmã, e banalizou um assunto sério que merece um cenário mais digno para discussão.

Talvez o pior momento para Michelly tenha sido mesmo sua eliminação rápida, sem holofotes, sem tempo para fazer o drama habitual. Não se sabe se terá a mesmo destino de sua "amiga" ex-BBB10 Lia Khey, que recebe até hoje apoio de pessoas com visibilidade na mídia que a promovem como se fosse uma "grande ex-BBB". É compatível? Como sua amiga, viveria na triste e aparente carreira da fama instantânea, daqueles que sobrevivem de permuta, favores a alguns fotógrafos e aproveitadores, e das famigeradas e cada vez mais desvalorizadas "presenças VIP".

Se depender unicamente de talento próprio e sem apoio psicológico, pode terminar dançando em churrascaria ou fazendo figuração em dramalhão mexicano. Veremos o que o futuro lhe espera.

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