quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Os impulsos do baiano Diogo

>>> BBB no Divã:

A disfemia, tartamudez ou gagueira está descrita na décima edição da Classificação Internacional de Doenças e atinge em média duas milhões de pessoas no Brasil. Estudos modernos de Neuroimagem apontam como causa do problema alterações no desenvolvimento do Sistema Nervoso Central do sujeito, mas em meados dos anos 50 a Psicanálise já defendia que a gagueira era a expressão de conflitos inconscientes originários, por exemplo, de impulsos sádico-anais.

Esta perturbação e seus sintomas adicionais (tiques, como contrair os olhos ou bater os pés) são estressantes aos portadores e costumam trazer graves prejuízos a eles, que geralmente têm consciência do problema e temem ser julgados anormais pela sociedade. Sem tratamento adequado, podem retrair-se socialmente, desenvolvendo prejuízos de autoestima e sentimento de rejeição.

Quem que se sente rejeitado tende à auto-sabotagem: busca inconscientemente situações em que os outros não o aceitem, perpetuando o sentimento de rejeição e inferioridade. Paralelo, para provar que tem seu valor, esforça-se de toda maneira para se tornar aceito, e um desvio pode surgir bem aí. Alguns desenvolvem um mecanismo de compensação e de defesa para sua rejeição baseados no sentimento de superioridade expresso através da arrogância. É o perfil de quem se coloca preponderantemente acima do grupo, acha que é o centro do universo, o dono do ambiente, e quer falar mais alto que os demais.

O participante Diogo, do BBB 11, ilustra perfeitamente esta situação. Seu medo de ser rejeitado, talvez decorrente da perturbação da fala que apresenta, leva-o a buscar atenção do outro exageradamente. Disfarça-se pelo álibi da amizade, justificando-se na base da camaradagem, mas seus excessos o levam a um comportamento viscoso, pegajoso, de carinhos forçados em desconhecidos, ora seus melhores amigos ora piores inimigos - conforme lhe convêm. Ao ser votado ao paredão disse: "Quatro cabeças já estão mortas", sem esconder uma arrogância mascarada de segurança.

Esta cadeia de eventos torna Diogo chato perante boa parte do público, e Bial fez-lhe o favor de informar durante o discurso de eliminação de Maurício. Contudo, saber do problema tende a piorá-lo, porque desenvolverá novas manobras compensatórias ou reforçará aquelas já existentes. Ou seja, mais ele beijará seus concorrentes e tentará artificialmente agradá-los, seduzi-los, num ciclo perverso de conquista de espaço (à força) nos videoteipes, queimando-se incansalvemente a cada um deles. "Não pretendo ser mais um bonitinho. Quero fazer teatro. Vou entrar pra jogar, pra ser sujo, pra ser limpo, pra ser tudo. Vou entrar pra sair rico", disse.

O fato é que, para o público, existem dois Diogos. Quem assiste apenas à edição da TV Globo vê um belo loiro que raspa as suas pernas e as dos outros machos, que sorri o tempo todo, que é a promessa de salvação de uma edição até então entediante, justamente por achá-lo espontâneo, carismático, engraçado, dinâmico, guerreiro, malicioso, uma mistura de Kléber Bam-Bam (BBB1) com Marcão (BBB8). Mas para quem o acompanha no Pay Per View, Diogo é apenas um jovem superficial de pensamento confuso, um palhaço forçado que fala demais (ou tenta falar), infantilóide, hipersexualizado, inconveniente, que interrompe com "psiu" a fala das pessoas a toda hora para se sobrepor a elas, que aprendeu a dançar para se comunicar além do que a fala lhe permite, mas principalmente que transmite angústia extrema a um telespectador asioso por diversão ao nível de outras edições do programa.

Diogo parece ser a cara deste BBB 11: volátil, um gás altamente inflamável prestes a explodir e ser consumido no próximo instante. Não perdemos a esperança.

por @Dr_Marcelo

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